"Pesquisa é o processo de entrar em vielas para ver se elas são becos sem saída." (Marston Bates)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

AMEBAS

  A ameba é um animal unicelular, ou seja, é composto por apenas uma única célula. 
Em função do seu tamanho, em média 0,2 milímetro, 
é observável apenas com a ajuda de microscópio.


  As amebas são protozoários pertencentes ao Filo Sarcomastigophora e ao sub-filo Sarcodina. Como os outros sarcodinos, uma das principais características das amebas são seus pseudópodos, extensões do corpo relacionados à movimentação e à obtenção de alimento. Os pseudópodos formam-se a partir de uma movimentação do fluido interno da célula, o endoplasma, que origina uma projeção na célula. Em dado momento, o ectoplasma que envolve tal projeção adquire uma consistência gelatinosa, não mais líquida, e assim, constitui-se o pseudópode. As amebas, frequentemente chamadas de rizópodes, são protozoários bastante familiares aos leigos, e distinguem-se dos outros sarcodinos por não apresentarem em nenhuma fase de seu desenvolvimento flagelos. São encontradas nos vários ambientes aquáticos e no solo, ou outros ambientes úmidos.


Está divido em 2 estágios: Estágio de Alimentação e Estágio de Resistência.


1. Estágio de Alimentação recebe o nome de TROFOZOÍTO. essa forma é encontrada em ambientes favoráveis, com comida, água e ambiente agradável. É o estágio em que a ameba está em multiplicação. 


Ela se desenvolve e passa para o outro estágio onde ela vai ficar mais madura e mais resistente.


2. Estágio de Resistência recebe o nome de FORMA INFECTANTE ou CISTO. Nessa forma já infecta o homem. É encontrada em ambientes desfavoráveis (ambientes inóspitos).Já passou por estágio de amadurecimento onde resiste melhor aos ambientes.


Quando ingerimos a ameba em forma de trofozoíto ela vai precisar ficar  por algum tempo até se transformar na forma madura (na forma cística), para a partir daí ela causar alguns danos ao organismo.




MOTILIDADE:


A ameba é um ser móvel. Na sua membrana citoplasmática tem algumas enzimas que vão propiciar os movimentos
A motilidade da ameba é a custa de PSEUDÓPODOS - também chamados de AMEBOIDES.




AMEBAS DE INTERESSE PARA A ÁREA DE SAÚDE:


  1. Entamoeba hartmanni, Entamoeba coli e Endolimax nanasão comensais do intestino grosso; 
  2. Entamoeba gingivalis vive serenamente nas gengivas e no tártaro dentário de macacos, cães e humanos; 
  3. Entamoeba histolytica é o parasita intestinal que causa problemas sérios - pode destruir os tecidos que revestem o intestino grosso e provocar lesões graves em vários órgãos.
CICLO DE VIDA:



O ciclo de vida de Entamoeba coli e Entamoeba histolytica divide-se em ciclo biológico e ciclo patogénico.
O ciclo biológico é do tipo monoxeno e inicia-se pela ingestão de quistos maduros. Estes passam pelo estômago e como são resistentes à acção dos sucos gástricos, passam pelo intestino delgado chegando ao início do intestino grosso onde ocorre o desenquistamento, com saída do metaquisto. Em seguida o metaquisto sofre sucessivas divisões mitóticas, dando origem aos trofozoítos. Estes migram para o intestino grosso e colonizam a mucosa intestinal e ai vivem como comensais. Através de sucessivas divisões transformam-se em quistos que são eliminados nas fezes.
O ciclo patogénico ocorre quando os trofozoítos invadem a submucosa intestinal, formando úlceras onde se multiplicam activamente, de tal forma que podem romper a parede e, através da circulação portal, atingir outros órgãos como o fígado, e posteriormente o rim, cérebro, pulmão e/ou pele. O trofozoíto encontrado nestas úlceras está na forma invasiva ou patogénica, estes são extremamente activos e hematófagos.


Passa de pessoa para pessoa através de cistos e é disseminada também por moscas e baratas. Frutas e vegetais crus, manipulados por pessoas infectadas, lavados em água contaminada ou fertilizados com fezes humanas, certamente estão cheios de amebas; elas também podem vir dos canos de banheiros velhos e sujos, das notas de dinheiro, do papel do pão.


A fase minuta das amebas, em que são muito pequenas, é aguda e se caracteriza por diarréia com sangue e muco. Isso porque, quando o hospedeiro está fragilizado ou há alterações na flora intestinal, as amebas começam a comer a submucosa do intestino grosso, geralmente as curvinhas do cólon de um lado e outro da cintura. 


Não raro as amebas entram na circulação sanguínea e acabam invadindo pâncreas, pulmões, cérebro, fígado e pele; deixam áreas necrosadas conhecidas como "abscessos amebianos". As sequelas podem incluir ainda infecção do períneo.
Como a disenteria amebiana é muito parecida com a bacteriana, o diagnóstico costuma ser difícil. Na dúvida, é bom tratar ambos. A recomendação para fases agudas é seguir uma dieta rica em proteínas e pobre em fibras e carboidratos, e tomar muito líquido.




MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
 
Sinais mais comuns: Diarreia, obstipação intermitentes, flatulência, dores abdominais, fezes com muco e sangue e febre.


Por vezes, os trofozoítos originam uma perfuração intestinal. A libertação do conteúdo intestinal para dentro da cavidade abdominal causa uma grande dor na zona agora infectada (peritonite), o que requer atenção cirúrgica imediata.


A invasão por parte dos trofozoítos do apêndice e do intestino que o rodeia pode provocar uma forma leve de apendicite. Durante a cirurgia da apendicite podem espalhar-se por todo o abdómen. Como consequência, a operação poderá ser atrasada de entre 48 a 72 horas com o objetivo de eliminar os trofozoítos mediante um tratamento com fármacos.


No fígado pode formar-se um abcesso cheio de trofozoítos. Os sintomas consistem em dor ou mal-estar na zona que se encontra acima do fígado, febre intermitente, suores, calafrios, náuseas, vómitos, fraqueza, perda de peso e, ocasionalmente, uma ligeira icterícia.


Em certos casos, os trofozoítos disseminam-se através da corrente sanguínea, causando infecção nos pulmões, no cérebro e noutros órgãos.

A pele também é, por vezes, infectada, especialmente em torno das nádegas e nos órgãos genitais.




AMEBÍASE:

A amebíase é uma doença causada por uma ameba parasita unicelular 
chamada Entamoeba histolytica.





Entamoeba histolytica é a responsável pela amebíase, embora possa estar presente no organismo sem desenvolver a doença. Esta, de período de incubação que varia entre 2 e 4 semanas, se caracteriza pela manifestação de diarreias e, em casos mais graves, comprometimento de órgãos e tecidos. É responsável por cerca de 100000 mortes ao ano, em todo o mundo.


A amebíase é mais comum em regiões onde as condições de saneamento básico são precárias, uma vez que a forma de contaminação se dá via ingestão de seus cistos. Estes, liberados nas fezes da pessoa adoecida, podem se espalhar na água e vegetais que, sem a devida higienização antes de serem ingeridos, podem causar a doença. Vale pontuar que a resistência dos cistos é muito grande: podem viver cerca de 30 dias na água, e 12 em fezes frescas.

Após a ingestão, no sistema digestório, estas formas dão origem a trofozoítos. Estes invadem o intestino grosso, se alimentando de detritos e bactérias ali presentes, causando sintomas brandos ou mais intensos, como diarreia sanguinolenta ou com muco e calafrios.

Os trofozoítos, por meio de sucessivas divisões, podem dar origem a novos cistos, sendo liberados pelas fezes e dando continuidade ao ciclo de infecções. Podem, também, invadir outros tecidos, via circulação sanguínea. Nessas regiões, alimentam-se das hemácias ali presentes, provocando abscessos no fígado, pulmões ou cérebro.
 Note que, no primeiro caso, o indivíduo pode apresentar o parasita de forma assintomática, mas também sendo capaz de contaminar outras pessoas ao liberar os cistos em suas fezes: a maioria dos casos de infecção por E. histolytica se manifestam dessa forma.

DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA:


O exame de fezes detecta o parasita com alguma facilidade. A forma mais invasiva depende do que chamamos de exames de imagem (tomografia computadorizada, ecografia ou ressonância magnética). Algumas vezes para confirmação diagnóstica, além do exame de imagem, usam-se agulhas finas para puncionar os abscessos. Nas formas mais invasivas, quando o diagnóstico não for possível por identificação do quisto utiliza-se exames de sangue para a detecção da presença de anticorpos contra o parasita.


Para tratamento é feito o uso de fármacos antimicrobianos, prescritos pelo médico. O fármaco mais utilizado é um antimicrobiano com nome de metronidazol, mas existem outros com uso recomendado para circunstâncias específicas. O tempo de tratamento pode variar conforme o comprometimento da pessoa. Às vezes, quando há a formação de abscessos hepáticos, pode ser necessário aspirá-los com agulha para diagnóstico ou tratamento, muito raramente estes casos irão a cirurgia.

O diagnóstico laboratorial de amibose intestinal faz-se com a recolha de, pelo menos, 3 amostras de fezes para detecção de quistos ou trofozoítos. É também feito teste serológico que dará positivo em caso de infecção a longo prazo. Pode-se também, caso necessário, recorrer-se a uma biopsia para análise do tecido intestinal.
A pesquisa de antigénios e anticorpos faz-se pelo método de ELISA e PCR.


Medidas relacionadas a saneamento básico, como implantação de sistemas de tratamento de água e esgoto, e controle de indivíduos que manipulam alimentos, devem ser levadas em consideração para se reduzir ou, em longo prazo, erradicar a amebíase.

Comportamentos individuais de higiene, como lavar as mãos após ir ao banheiro, trocar fraldas, brincar com animais e antes de comer ou preparar alimentos; ingerir unicamente água tratada; higienizar os vegetais antes do consumo, deixando-os em imersão em ácido acético ou vinagre por cerca de 15 minutos; evitar o contato direto ou indireto com fezes humanas; e isolamento dos pacientes que lidam com crianças ou alimentos são necessários para evitar reincididas ou infecção de outras pessoas.



DETALHE: Quando o hospedeiro está tomando antibiótico, a produção de cistos amebianos desaparece e só volta algum tempo depois, quando a flora bacteriana é restabelecida.


FONTES:

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