"Pesquisa é o processo de entrar em vielas para ver se elas são becos sem saída." (Marston Bates)

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

DIABETES MELLITUS (DM)



Diabetes mellitus é uma doença  metabólica caracterizada por um aumento anormal do açúcar ou glicose no sangue.  
A glicose é a principal fonte de energia do organismo porém, quando em excesso, pode trazer várias complicações à saúde.
  
Diabetes é uma doença bastante comum no mundo, especialmente na América do Norte e norte da Europa, acometendo cerca de 7,6% da população adulta entre 30 e 69 anos e 0,3% das gestantes. 
Estima-se que 11% da população brasileira com mais de 40 anos sejam portadores de DM (cerca de 5 milhões e meio de pessoas!).
Porém cerca de 50% dos portadores de diabetes desconhecem o diagnóstico até que apareçam os sinais de complicações. Daí a importância da identificação de casos não diagnosticados de diabetes visando ao seu tratamento, antes do aparecimento das complicações. 
 

CONHECENDO UM POUCO MAIS 
SOBRE O/A DIABETES:
 (a palavra tanto pode ser feminina como masculina)

Pode ser definida como uma síndrome de etiologia múltipla, resultante da falta de insulina ou da capacidade de esse hormônio exercer adequadamente seus efeitos. 

PÂNCREAS: 

 O pâncreas é uma glândula de aproximadamente 15 cm de extensão do sistema digestivo e endócrino dos seres humanos que se localiza atrás do estômago e entre o duodeno e o baço. Ele é tanto exócrino (secretando suco pancreático, que contém enzimas digestivas) quanto endócrino (produzindo muitos hormônios importantes, como: insulina, glucagon e somatostatina.

INSULINA: 

A insulina é apenas uma substância produzida pelo organismo humano e que, tendo sua produção comprometida, ocasiona a diabetes. No entanto, a insulina é muito mais que isso. Ela é um importante regulador metabólico do organismo, apresentando um amplo espectro de ações.


É um hormônio produzido nas ilhotas de Langerhans, células do pâncreas endócrino e seu papel é intensificar o transporte da glicose do sangue para o interior das células, a partir da ligação da insulina às proteínas receptoras existentes na membrana da célula-alvo, como também é responsável pela redução da glicemia (taxa de glicose no sangue), ao promover o ingresso de glicose nas células. Esta é também essencial no consumo de  carboidratos, na síntese de proteínas e no armazenamento de lipídios (gorduras).

Quando a produção de insulina é deficiente, a glicose acumula-se no sangue e na urina, destruindo as células por falta de abastecimento:DIABETES MELLITUS.

Para pacientes nessa condição, a insulina é providenciada através de injeções, ou bombas de insulina. Recentemente foi aprovado o uso de insulina inalada. 

Há alguns anos, havia o conceito tradicional de que o cérebro era insensível à insulina. No entanto, evidências recentes contradizem essa teoria. Descobriu-se que a insulina age no sistema nervoso central, sinalizando saciedade e diminuindo o apetite. Desse modo, é evidente que a insulina desempenha um papel decisivo no metabolismo da glicose e na regulação do balanço energético do organismo. Os níveis de insulina na corrente sanguínea sofrem contínuas variações, exercendo efeitos fisiológicos muito sensíveis no organismo. Verifica-se, então, a gravidade de distúrbios resultantes do descontrole desses níveis, como a própria diabetes.


GLUCAGON: 

glucagon ou glicagina é um hormônio produzido nas células alfa das ilhotas de Langerhans do pâncreas e também nas células espalhadas pelo trato gastrointestinal. É um hormônio muito importante no metabolismo dos hidratos de carbono. 

O seu papel mais conhecido é aumentar a glicemia (nível de glicose no sangue), contrapondo-se aos efeitos da insulina. O glucagon atua na conversão da ATP (trifosfato de adenosina) a AMP -cíclico, composto importante na iniciação da glicogenólise, com imediata produção e libertação de glicose pelo fígado.

A palavra glucagon deriva de gluco, glucose (glicose) e agon, agonista, ou agonista para a glicose.

SOMATOSTATINA:

A somatostatina é um hormônio protéico produzido pelas células delta do pâncreas, em lugares denominados ilhotas de Langerhans. Intervém indiretamente na regulagem da glicemia, e modula a secreção da insulina e glucagon. A secreção da somatostatina é regulada pelos altos níveis de glicose, aminoácidos e de glucagon. Seu déficit ou seu excesso provocam indiretamente transtornos no metabolismo dos carboidratos.

A somatostatina é secretada em diversos lugares:
  • estômago
  • intestino
  • células delta do pâncreas
  • hipotálamo 
 

CLASSIFICAÇÕES:  

I. Diabetes mellitus tipo 1. 

O DM1 é o tipo de diabetes predominante na infância e na adolescência, a idade em que ela se inicia geralmente é de 10 aos 14 anos (pico de incidência). Porém, a incidência (número de casos novos) do DM2 está aumentando nesta faixa etária nos últimos anos.
O diabetes tipo 1 resulta da destruição das células beta do pâncreas – células produtoras de insulina. Esta destruição é mediada por respostas auto-imunes celulares. Ou seja, o próprio organismo destrói suas células, levando ao aumento da glicose no sangue por déficit absoluto de produção de insulina.
As manifestações clínicas na infância e na adolescência variam desde a cetoacidose – que muitas vezes é o evento inicial da doença, até uma hiperglicemia pós-prandial. As manifestações podem ser desencadeadas pela presença de infecção ou outra condição de estresse ao organismo. Apesar de rara na apresentação inicial, a obesidade não exclui o diagnóstico de DM1.
O DM1 associa-se com relativa freqüência a outras doenças auto-imunes como tireoidite de Hashimoto, doença celíaca, doença de Graves, doença de Adison, vitiligo e anemia perniciosa. Recomenda-se investigar rotineiramente a doença auto-imune da tireóide e, se possível, também a doença celíaca nas pessoas que têm DM1, devido a sua maior prevalência (número de casos existentes de determinada doença).

II. Diabetes mellitus tipo 2.

O DM2 é considerado uma das grandes epidemias do século XXI e afeta quase 90% das pessoas que têm diabetes, sendo o tipo mais comum.
Ocorre quando o nível de glicose (açúcar) no sangue fica muito alto. A glicose é o combustível que as células do corpo usam para obter energia. O diabetes  tipo 2 ocorre quando não há produção suficiente de insulina pelo pâncreas  ou porque o corpo se torna menos sensível à ação da insulina  que é produzida - a chamada resistência à insulina. A insulina  ajuda o corpo a levar a glicose para dentro das células.
Os sintomas incluem aumento da freqüência urinária, letargia, sede excessiva e aumento do apetite – muitas vezes não acompanhado de ganho de peso.
É uma doença crônica que pode causar complicações à saúde; incluindo insuficiência renal, doenças do coração, derrame (acidente vascular cerebral) e cegueira.

Fatores de risco para diabetes tipo 2:
  • Idade > 45 anos;
  • Antecedentes familiares de diabetes (pai ou mãe);
  •  Inatividade física;
  • História prévia de diabetes gestacional ou de feto macrossômico (alto peso ao nascer);
  • Sobrepeso - IMC > 25 Kg/m²;
  • Obecidade central - cintura abdominal > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres;
  • Hipertensão arterial - PA _> 140/90 mmHg;
  • Dislipidemia - HDL < 35 mg/dl e/ou triglicerídeos > 150 mg/dl;
  • Dooença cardiovascular, cerebrovascular ou vascular periférica.

É POSSÍVEL PREVENIR ou RETARDAR O APARECIMENTO DO DIABETES TIPO 2 por meio da promoção de MEV, em especial através de redução do peso corporal, mudanças na alimentação e atividade física regular.

III. Outros tipos específicos:
  1. Defeitos genéticos da função da célula β
  2. Defeitos genéticos da ação da insulina
  3. Doenças do pâncreas exócrino
  4. Endocrinopatias
  5. Indução por drogas ou produtos químicos
  6. Infecções
  7. Formas incomuns de diabetes imuno-mediado
IV. Diabetes gestacional:
diabetes gestacional

O diabetes gestacional é o alto nível de açúcar no sangue (diabetes) que começa ou é diagnosticado durante a gestação. 
Os hormônios da gravidez podem impedir que a insulina cumpra sua função. Quando isso acontece, os níveis de glicose podem aumentar no sangue da gestante. 

Elevação da glicose no corpo da mãe pode levar ao aumento de peso no bebê
 
Corre mais risco de ter diabetes gestacional se:
  • Estiver com mais de 25 anos ao engravidar
  • Possuir histórico familiar de diabetes
  • Tiver dado à luz um bebê com mais de quatro quilos ou com algum defeito de nascença
  • Apresentar açúcar (glicose) na urina quando fizer uma consulta de pré-natal periódica
  • Tiver hipertensão
  • Apresentar líquido amniótico em excesso
  • Tiver passado por um aborto espontâneo de causa indeterminada ou tiver tido um natimorto (feto que morreu dentro do útero ou durante o parto)
  • Estava acima do peso antes de engravidar
SINTOMAS da Diabetes:

Os sintomas do aumento da glicemia são: 
  • sede excessiva (polidipsia)
  • aumento do volume urinário (poliúria) e do aumento da frequencia de micções (polaciúria), 
  • hábito de urinar durante a  noite,  
  • fadiga
  • fraqueza,  
  • tonturas
  • visão borrada, 
  • aumento de apetite (polifagia)
  • perda de peso.
Estes sintomas clássicos do diabetes muitas vezes passam despercebidos ou não são valorizados pelos portadores desta condição. 
Estes sintomas tendem a ir se agravando e podem levar a complicações severas e agudas como a cetoacidose diabética (no DM1) e o coma hiperosmolar (no DM2), caso a doença não seja diagnosticada, nem tratada.
Os sintomas das complicações que ocorrem a longo prazo, ou seja, aquelas decorrentes da hiperglicemia mantida ao longo dos anos, envolvem alterações visuais, circulatórias, digestivas, renais, urinárias, neurológicas, dermatológicas, ortopédicas e problemas cardíacos.

DIAGNÓSTICO:

Além dos sintomas e sinais clássicos da doença, que podem não estar presentes precocemente, o diagnóstico laboratorial do Diabetes mellitus é estabelecido pela medida da glicemia no soro ou plasma, após um jejum de 8 a 12 horas e também pela dosagem da glicemia 2 horas após sobrecarga com glicose (glicemia 2 horas após-sobrecarga). O diagnóstico sempre deve ser confirmado com uma segunda medida.

Os parâmetros para o diagnóstico de diabetes são:

Critérios para a presença de anormalidades da tolerância à glicose, segundo a ADA-2005:

 Diagnósticos
 Glicemia de Jejum
 Glicemia pós-prandial
(2h após 75 g de 
glicose anidra)
Glicemia Normal
 < 110 mg/dl
 < 140 mg/dl
 Glicemia de jejum alterada (GJA)
 100-125 mg/dl
 -
 Tolerância à glicose diminuída (TGD)
> 110 mg/dl e
 < 126 mg/dl
 140-199 mg/dl
 Diabetes Mellitus*
 >126 mg/dl
> 200 mg/dl

  •  Verificação de glicemia capilar:  A principal forma de verificar o controle do diabetes é o monitoramento da glicemia no sangue. 
    A verificação de glicemia capilar tem como finalidade fornecer subsídio para a Atenção Farmacêutica e o monitoramento da terapia medicamentosa, visando à melhoria da qualidade de vida, não possuindo, em nenhuma hipótese, o objetivo de diagnóstico.
 Algumas dicas importantes antes de suas verificações:

- O jejum deve ser de no mínimo 8 horas. Com menos tempo de jejum, pode-se obter resultados elevados;
- Jejum maior que 12 horas também influencia no resultado, podendo tanto mostrar resultado baixo (hipoglicemia) como alto (hiperglicemia);
- A realização desse exame deve ser, preferencialmente, pela manhã;
- O paciente não deve realizar esforço físico antes da realização do exame; longas caminhadas, por exemplo, podem alterar o resultado;
- Não se deve realizar o exame após a ingestão de bebidas alcoólicas.
- Existe também o teste de glicemia pós-prandial, que tem sido solicitado por médicos. Nesse caso é recomendado que a coleta seja realizada 2 horas após o início da refeição.
 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM 
NO ACONSELHAMENTO, 
ACOMPANHAMENTO E 
CONTROLE DO DM:

O cuidado integral de enfermagem com empatia e acolhimento, envolvendo os familiares e até mesmo a participação dos amigos, certamente é um facilitador.
O paciente e a família devem ser alvo de ações de educaçãopara a saúde, visando a mudanças no estilo de vida, o ensino para o autocuidado e o monitoramento.
Em razão da possibilidade de complicações, o paciente diabético precisa ser monitorado através de consultas ambulatoriais a cada 3 meses, até alcançar níveis glicêmicos adequados, e depois a cada 6 meses.
Também realiza outras ações e orientações no ambulatório e no hospital, listadas a seguir:
  1.  Verificar periodicamente o peso, a cintura abdominal, a relação cintura-quadril, a pressão arterial e os pulsos periféricos;
  2.  Desestimular a ingesta de álcool e o tabagismo;
  3. Estimular a prática de atividade física regular aeróbica;
  4. Orientar quanto a ingestão de líquidos antes e após os exercícios;
  5. Orientá-los a carregar uma identificação e uma fonte de carboidratos para uso em caso de sinais de hipoglicemia;
  6. Orientar e/ou realizar cuidados com os pés;
  7. Orientar e/ou realizar cuidados com a higiene;
  8. Orientar os cuidados com a alimentação;
  9. Verificar glicemia capilar;
  10. Monitorar o controle glicêmico a médio prazo através de exame laboratorial da hemoglobina glicada ou glico-hemoglobina e da glicemia de jejum a cada 3 meses. 
FONTES:
  1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Diabetes_mellitus
  2. Enfermagem Clínica -  Regina Trino Romano (SENAC)
  3. http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A2ncreas
  4. http://pt.wikipedia.org/wiki/Insulina
  5. http://bioinsulina.blogspot.com.br/2009/11/conceitos-fundamentais.html
  6. http://pt.wikipedia.org/wiki/Glucagon
  7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Somatostatina
  8. http://www.abc.med.br/p/diabetes-mellitus/22360/diabetes+mellitus.htm
  9. http://www.minhavida.com.br/saude/temas/diabetes-gestacional
  10. http://www.soumaisfarma.com.br/samba/servicos/verificacao-de-glicemia.html

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