"Pesquisa é o processo de entrar em vielas para ver se elas são becos sem saída." (Marston Bates)

sexta-feira, 6 de abril de 2012

SISTEMA CARDIOVASCULAR

O sistema cardiovascular ou circulatório é uma vasta rede de tubos de vários tipos e calibres, que põe em comunicação todas as partes do corpo. Dentro desses tubos circula o sangue, impulsionado pelas contrações rítmicas do coração.
O SNA controla a bomba cardíaca,
então o coração funciona independente
da nossa vontade!!
1. FUNÇÕES:
O sistema circulatório permite que algumas atividades sejam executadas com grande eficiência:

transporte de gases: os pulmões, responsáveis pela obtenção de oxigênio e pela eliminação de dióxido de carbono, comunicam-se com os demais tecidos do corpo por meio do sangue.
transporte de nutrientes: no tubo digestivo, os nutrientes resultantes da digestão passam através de um fino epitélio e alcançam o sangue. Por essa verdadeira "auto-estrada", os nutrientes são levados aos tecidos do corpo, nos quais se difundem para o líquido intersticial que banha as células.

•transporte de resíduos metabólicos: a atividade metabólica das células do corpo origina resíduos, mas apenas alguns órgãos podem eliminá-los para o meio externo. O transporte dessas substâncias, de onde são formadas até os órgãos de excreção, é feito pelo sangue.

•transporte de hormônios: hormônios são substâncias secretadas por certos órgãos, distribuídas pelo sangue e capazes de modificar o funcionamento de outros órgãos do corpo. A colecistocinina, por exemplo, é produzida pelo duodeno, durante a passagem do alimento, e lançada no sangue. Um de seus efeitos é estimular a contração da vesícula biliar e a liberação da bile no duodeno.
•intercâmbio de materiais: algumas substâncias são produzidas ou armazenadas em uma parte do corpo e utilizadas em outra parte. Células do fígado, por exemplo, armazenam moléculas de glicogênio, que, ao serem quebradas, liberam glicose, que o sangue leva para outras células do corpo.

transporte de calor: o sangue também é utilizado na distribuição homogênea de calor pelas diversas partes do organismo, colaborando na manutenção de uma temperatura adequada em todas as regiões; permite ainda levar calor até a superfície corporal, onde pode ser dissipado.
•distribuição de mecanismos de defesa: pelo sangue circulam anticorpos e células fagocitárias, componentes da defesa contra agentes infecciosos.
coagulação sangüínea: pelo sangue circulam as plaquetas, pedaços de um tipo celular da medula óssea (megacariócito), com função na coagulação sangüínea. O sangue contém ainda fatores de coagulação, capazes de bloquear eventuais vazamentos em caso de rompimento de um vaso sangüíneo.

2. ANATOMIA DO CORAÇÃO:
Podemos descrever ela com:
•É um órgão muscular oco.
•Tem o aproximadamente 12,5 cm de comprimento e 9 cm
• forma de cone
• tamanho do punho fechado
• cerca de 12 cm de comprimento,
• 9 cm de largura em sua parte mais ampla
• 6 cm de espessura
•Está localizado entre os pulmões no mediastino, atrás e à esquerda do esterno.

•Ocupa a área entre o segundo e o quinto espaço intercostal. 
(Por isso que a gente verifica o pulso apical no 5º espaço intercostal!!!)

Sua massa é, em média, de 250g, nas mulheres adultas
e 300g, nos homens adultos.

3. LIMITES DO CORAÇÃO:
superfície anterior: logo abaixo do esterno e das costelas.
superfície inferior: repousa sobre o diafragma, correspondendo a região entre o ápice e a borda direita.

borda direita: está voltada para o pulmão direito e se estende da superfície inferior à base;
borda esquerda, também chamada borda pulmonar, fica voltada para o pulmão esquerdo, estendendo-se da base ao ápice.
limite superior constituida pelos grandes vasos do coração e posteriormente a traquéia, o esôfago e a artéria aorta descendente.
4. CAMADAS DO CORAÇÃO:
O coração é um órgão constituído por quatro câmaras:
1. O átrio direito, que recebe sangue desoxigenado da circulação venosa sistêmica.
2. O ventrículo direito, que bombeia sangue desoxigenado para os pulmões.
3. O átrio esquerdo, que recebe sangue oxigenado das veias pulmonares.
4. O ventrículo esquerdo, que bombeia sangue oxigenado para todo o corpo.
 5. PAREDE CARDÍACA:

     A parede do coração apresenta três camadas:

1. Epicárdio – camada mais externa,
2. Miocárdio – que forma a maior parte da parede e é constituído por um músculo estriado cardíaco,
3. Endocárido – que reveste internamente o órgão.
     As câmaras cardíacas possuem válvulas que controlam o fluxo sanguíneo através do coração.
    Algumas fibras musculares cardíacas modificadas são especializadas na geração (nodo sinoatrial), e condução (nodo atrioventricular, feixe atrioventricular e fibras de Purkinje) de impulsos responsáveis pela contração do músculo cardíaco.


O pericárdio, saco fibrosseroso, envolve o coração e as raízes dos grandes vasos.

 6. O CICLO CARDÍACO NORMAL:
     Os batimentos do coração ocorrem um atrás do outro em uma seqüência rítmica.
O ciclo cardíaco representa todos os eventos entre um batimento e outro.
•Três eventos interdependentes, mas não simultâneos, possibilitam o ciclo cardíaco:
1. A despolarização celular;
2. A contração miocárdica; e
3. O movimento cinético do sangue e das valvas cardíacas, que compõe o ciclo cardíaco propriamente dito.

•Apenas este último é o que determina o que estudamos como ciclo cardíaco, que é o movimento de contração e relaxamento do coração.

 
•Devemos compreender que os eventos contráteis, são precedidos dos eventos de excitação elétrica.
•Por sua vez, os eventos hemodinâmicos sucedem os eventos contrateis.

7. ATIVIDADE ELÉTRICA DO CORAÇÃO:

     Diz que o coração forma um sincício funcional (literalmente "mesma célula"). As células musculares cardíacas são eletricamente ligadas entre si, as contrário das células musculares esqueléticas, que são eletricamente isoladas umas das outras. Por isso, os potenciais de ação se propagam de célula para célula por todo o coração.

     Células musculares cardíacas são unidas por discos intercalares. Estes discos contém os nexos ou junções estreitas, através dos quais um potencial de ação em uma célula muscular cardíaca pode propagar-se para a célula muscular cardíaca adjacente.
     Três características distinguem o início da contração muscular na musculatura cardíaca daquela no músculo esquelético
    
      As principais diferenças entre o músculo esquelético e o cardíaco não estão na bioquímica da contração, e sim nas propriedades do potencial de ação que inicia a contração.
   Contrações cardíacas são iniciadas pelas células-marcapasso cardíaca, que se despolarizam espontaneamente até o limiar. As células-marcapasso cardíacas normais estão localizadas no átrio direito, próximo da veia cava, em um local denominado nodo sinoatrial (SA).

     Teoricamente os átrios e ventrículos são isolados eletricamente, possuindo como ligação normal apenas o nó AV.

 
     O estímulo elétrico se propaga aos ventrículos através do feixe de HIS e seus ramos, distribuindo-se por todo o miocárdio ventricular através das fibras de Purkinje e assim o coração consegue contrair de forma total. 

     A despolarização do sistema de condução obviamente antecede a contração mecânica.


8. A FASE DE EJEÇÃO:





     Mecanismo de Frank-Starling, Contratilidade e Frequência Cardíaca são 3 determinantes principais que regulam o desempenho do músculo cardíaco. Isto envolve bases físicas, químicas, mecânicas e elétricas, que, em conjunto, harmonicamente, dentro de condições fisiológicas, perpetuam o bom funcionamento miocárdico.
 
Com a abertura das valvas ocorre a expulsão do volume ventricular para as grandes artérias.
A taxa da ejeção ventricular não depende apenas da força de contração do músculo cardíaco e do gradiente de pressão formado a nível das valvas, mas também das propriedades elásticas dos grandes vasos e da árvore arterial.
Assim quando o coração ejeta o sangue com uma grande força que um certo vaso não suporta vai haver um rompimento, um derrame, uma hemorragia e as vezes quando o sangue chega numa pressão muito alta no cérebro, pode-se ter um AVC

9. BULHAS CARDÍACAS:
 
Quando se registra uma pressão de 120 mmHg por 80 mmHg, indica-se que a pressão sistólica é de 120 mmHg e a pressão diastólica é de 80 mmHg, ou seja, que estas são, respectivamente, as pressões máxima e mínima.

O Ciclo Cardíaco é um conjunto integrado de eventos que se inicia, por motivos práticos (início da primeira bulha), à cada sístole.  
A rigor o ciclo começa na 4ª semana fetal com a despolarização das células automáticas do nodo sino-atrial que inicia a onda P do ECG e que determina a Frequência Cardíaca (FC = 75 bpm).
O Volume Sistólico (VS = 75 mL) é a quantidade ejetada pelo respectivo ventículo e igual ao Volume Término Diastólico (relaxamento) menos o Volume Término Sistólico (contração).
A função do Ciclo é manter o Débito Cardíaco (FC x VS = 5,6 L/min) necessário e suficiente para a manutenção da Homeostase. 
      Na verdade, existem diferentes valores de pressão ao longo do ciclo cardíaco, mas considera-se o valor máximo, que é aquele que está na fase de ejeção (quando o sangue passa do ventrículo esquerdo para aorta, e a pressão vai subindo, até atingir um valor máximo). Na diástole, não ocorre mais ejeção; dessa forma, a pressão ventricular fica menor do que na aorta, provocando um gradiente aorto-ventricular.
      Há uma diminuição na pressão da aorta, com o escoamento do sangue para as artérias de menor calibre; só que esse processo não é imediato, pois existe uma inércia no sistema (pela viscosidade do sangue e resistência periférica a esse esvaziamento), de forma que a pressão vai caindo lentamente durante a diástole, até que haja um novo período de ejeção. O valor mínimo registrado, antes desse novo período de ejeção, constitui a pressão diastólica. Observe que existem várias pressões durante o período de diástole (é uma variável contínua).
    
As bulhas cardíacas são vibrações de curta duração, que ocorrem em determinados intervalos do ciclo cardíaco.
 
     São produzidas pelo impacto do sangue nas diversas estruturas cardíacas e dos grandes vasos.
TumTumTumTumTum
     Normalmente ocorrem 4 ruídos mas apenas 2 são normalmente audíveis.
     Em adultos saudáveis, existem geralmente dosi sons do coração normais que ocorrem em sequencia com cada batida do coração.
     Eles são a primeira bulha cardíaca ou primeiro som cardíaco (B1 e S1) e a segunda bulha ou segundo som cardíaco (B2 ou S2), produzidos pelo fechamento das valvas atrioventriculares e valvas semilunares respectivamente.
Bulhas Normais:
* B1: fechamento simultâneo das valvas Mitral e Tricúspide (audíveis na área Mitral): som "TUM".. indica o início da Sístole Ventricular.
* B2: fechamento simultâneo das valvas aórticas e pulmonar (audível na base do coração): som "TA"... indica o final da Diástole.

     A duração do som é de 0,10 a 0,12s, tempo muito curto para o ouvido humano distinguir os componentes do som.
      As vibrações mais importantes são respectivamente o fechamento da valva mitral, que ocorre primeiro, e da valva tricúspide, normalmente separadas por apenas 0,02 a 0,03s. O ouvido humano não consegue captar esta diferença, a gente ouve como um som único!
 Além destes sons normais, mais dois sons podem estar presentes (comumente referidos como extra sons), a terceira bulha ou terceiro som cardíaco (B3 ou S3) e a quarta bulha cardíaca ou quarto som cardíaco (B4 ou S4).
     Ocorre ao final da sístole ventricular, resultando das vibrações originárias do fechamento das valvas semilunares.
     A valva aórtica normalmente se fecha primeiro, seguida da valva pulmonar.
     Com o esvaziamento do ventrículo esquerdo, sua pressão se torna menor que a pressão da aorta e o fluxo sanguíneo na aorta rapidamente se direciona para este ventrículo, atingindo e provocando dessa forma o fechamento da valva aórtica. z
    O terceiro som cardíaco é normal em crianças e adultos jovens, mas desaparece antes da meia idade.  O surgimento anormal desse som indica um estado patológico, podendo ser um sinal de falência do ventrículo esquerdo como na insuficiência cardíaca esquerda.

Bulhas Anormais
* B2/rítimo trípice: apresenta-se na diástole, como longo desdobramento da B2.
*B3/fisiológica: ocorre antes da B1, durante a contração arterial.
     Então com o estetoscópio só ouve TUM TA TUM TA... não consegue ouvir a diferenciação do fechamento das duas valvas, porque a diferença de tempo é muito pequena e não vai ouvir os sons batendo nas paredes das  câmaras cardíacas.


10. ANAMNESE CARDIOLÓGICA:
      Em cardiologia, podemos nos equivocarmos em relação à gravidade do quadro clínico apresentado pelo paciente num Pronto Socorro. Assim, o cardiopata grave, geralmente se comporta sem alardear seu sofrimento ao contrário do histérico ou do hipocondríaco que pode criar um quadroalarmista para chamar a atenção.

    Os pacientes cardíacos podem ser pobres de sintomas. Por outro lado, os mesmos sintomas resultantes das enfermidades cardíacas, podem também, originar-se a partir de outros órgãos ou sistemas enfermos do organismo.
   
     Inicialmente o paciente deverá relatar os seus problemas sem que o enfermeiro interrompa. Deve-se deixar o paciente criar com vínculo com o enfermeiro.
     Apesar de consumir tempo e de parecer produzir um enorme número de informações irrelevantes a entrevista inicial é o momento em que o paciente tem para ser ouvido e causa uma melhor interação enfermeiro-paciente.
 
     Após o relato inicial tentamos dirigir a entrevista para determinarmos a cronologia dos sintomas e suas características, quanto tipo, local, fatores agravantes e de melhora.
 
     A queixa do paciente vai orientar a entrevista para alguns dos sintomas de doenças cardíacas.

*Precordialgia - Dor torácica.
*Dispnéia - Cansaço / Falta de ar / Ortopnéia / DPN
*Síncope ou pré Sincope - Desmaio, lipotímia, ausência, distúrbios visuais

*Palpitação - Sensação de taquicardia, falhas nos batimentos
*Edema - Inchação dos membros e/ou face
*Cianose - Coloração azulada da pele

 
Dor Torácica
• Quando se fala em dor torácica de origem cardíaca, subentende-se toda uma área de possível de irradiação, que vai do plano da cicatriz umbilical, incluindo a região epigástrica, ao ângulo da mandíbula, incluindo ambos o membros superiores e todo o tórax, tanto a direita quanto a esquerda.
1. Local sede da dor:

• Deve se saber o local da dor mandando o paciente apontar o local.

Se for uma dor estensa ele fará uma área estensa com a mão. Se for uma dor localizada, normalmente o paciente fecha a mão e mostra o local.
• O local determinado através de uma polpa digital, bem limitado a um único ponto é pouco provável de se relacionar com cardiopatia, sendo mais provável uma origem osteomuscular.

O paciente que está tendo um problema cardiológico ele mostra com a mão, e geralmente numa área mais extensa...
• A dor cardíaca é geralmente indicada com a mão esfregando o peito, ou com o punho cerrado, indicando uma região grande e imprecisa.

2. Irradiação:


• Deve se determinar bem o limite de distribuição dessa irradiação, principalmente em relação ao território próprio para a dor de origem cardíaca:
• Dor que inclua a cicatriz umbilical e se irradia para baixo não é de origem cardíaca.
• Dor na região cervical, que inclua a face acima da mandíbula ou o couro cabeludo, não é de origem cardíaca.
• A irradiação típica está indicada nas imagens seguintes.

FONTES:
1. http://pulsardoscoracoes.blogspot.com.br/2011/06/sistema-cardiovascular.html
9. Slides apresentados na sala de aula, elaborado pela Profª Ana Paula Portela.

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